segunda-feira, 20 de junho de 2011

Solenidade de Corpus Christi

Das obras de São Tomás de Aquino, presbítero

                (Opusculum 57, In festo Corporis Christi, lect. 1-4)

                                                                                                              (séc. XIII)


 
Ó precioso e admirável banquete!


O unigênito filho de Deus, querendo fazer-nos participar da sua divindade, assumiu nossa natureza, para que, feito homem, dos homens fizesse deuses.
Assim, tudo quanto assumiu da nossa natureza humana, empregou-o para nossa salvação. Seu corpo, por exemplo, ele o oferece a Deus Pai como sacrifício no altar da cruz, para nossa reconciliação; seu sangue, ele o derramou ao mesmo tempo como preço do nosso resgate e purificação de todos os nossos pecados.
            Mas, a fim de que permanecesse para sempre entre nós o memorial de tão imenso benefício, ele deixou aos fiéis, sob as aparências do pão e do vinho, o seu corpo como alimento e o seu sangue como bebida.
            Ó precioso e admirável banquete, fonte de salvação e repleto de toda suavidade! Que há de mais precioso neste banquete? Nele, já não é mais a carne de novilhos e cabritos que nos é dada a comer, como na antiga Lei, mas é o próprio Cristo, verdadeiro Deus, que se dá em alimento. Poderia haver algo de mais admirável que este sacramento?
            De fato, nenhum outro sacramento é mais salutar do que este; nele os pecados são destruídos, crescem as virtudes e a alma é plenamente saciada de todos os dons espirituais.
            É oferecido na igreja pelos vivos e pelos mortos, para que aproveite a todos o que foi instituído para a salvação de todos.
            Ninguém seria capaz de expressar a suavidade deste sacramento; nele se pode saborear a doçura espiritual em sua própria fonte; e torna-se presente a memória daquele imenso e inefável amor que Cristo demonstrou para conosco em sua Paixão.
            Enfim, para que a imensidade deste amor ficasse mais profundamente gravada nos corações dos fiéis, Cristo instituiu este sacramento durante a última Ceia, quando, ao celebrar a Páscoa com seus discípulos, estava prestes a passar deste mundo para o Pai. A Eucaristia é o memorial perene de sua Paixão, o cumprimento perfeito das figuras da Antiga Aliança e o maior de todos os milagres que Cristo realizou. É ainda singular conforto que ele deixou para os que se entristecem com sua ausência.


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